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Tese mostra que escola reproduz a desigualdade social

A escola pública realiza processos desiguais de ensino de acordo com o nível sócio-econômico dos alunos. Foi sobre essa realidade que a pesquisadora do Observatório Jovem e professora da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj) Mônica Peregrino falou no seminário Juventude, Escola e Desigualdades promovido pelo Observatório Jovem no dia 11 de dezembro

Uma escola localizada em bairro de classe média no Rio e que foi incorporando dos anos 70 para cá jovens de espaços populares foi o objeto da tese de doutorado da pesquisadora. O trabalho "Desigualdade numa escola em mudança: trajetórias e embates na escolarização pública de jovens pobres" foi defendido no primeiro semestre de 2006.

A partir da análise dos históricos escolares dos estudantes Mônica Peregrino pôde constatar, por exemplo, que a universalização do ensino chamado fundamental – de 5ª a 8ª série – foi acompanhada de uma segregação em turnos e turmas dentro da escola. E que, para além disso, a distribuição dos recursos da escola, humanos ou não, também é feita de maneira desigual. Os alunos moradores da favela, que tem pais em profissões mais precárias, com menos garantias e rentabilidade, e acumulam fracassos escolares estão geralmente nas últimas turmas.

“Isso significa que se eu sou um aluno de condição já vulnerável socialmente entro na escola e vou ocupar pelos critérios de segregação as piores turmas da escola. Essas piores turmas ainda por cima ocupam os piores espaços, tem os piores professores e os piores níveis de enraizamento, então, é a escola que está me negando direitos iguais de aprender, não é só a sociedade que está me negando”, explica Mônica Peregrino.

O coordenador do Observatório Jovem Paulo Carrano também participou do seminário. Para ele, essa situação aprofundada pela escola tem conseqüências que refletem no futuro dos jovens. “Há uma desigualdade não só do acesso à escola, na verdade está se falando de uma desigualdade do acesso à vida adulta. Porque todo esse percurso vai fazer falta no momento da inserção no mercado de trabalho, da construção de uma família, de selecionar bairros onde se vai morar em função do capital cultural e econômico”.

Para saber mais sobre a pesquisa, leia a entrevista feita com Mônica Peregrino:

Desigualdade numa escola em mudança