Apenas 6,9% dos estudantes brasileiros do ensino superior privado contam com algum tipo de financiamento para pagar suas mensalidades. Em um universo de 3,6 milhões de alunos, são somente cerca de 250 mil que conseguem fazer parte do Financiamento Estudantil (Fies) do governo federal, de empréstimos de instituições financeiras ou de programas das próprias faculdades
Além disso, o universo de beneficiados está em queda. Em 2005, chegou a atingir 8,1% doem fuios universitários da rede particular; em 2006, foram 7,4%. O índice foi calculado pelo sindicato das instituições de ensino superior do Estado de São Paulo (Semesp) com base nos dados do Censo da Educação Superior de 2007, feito pelo Ministério da Educação (MEC).
"Há uma enorme falta de linhas de financiamento adequadas para esses jovens", afirma Hermes Figueiredo, presidente do Semesp. Segundo ele, a maior dificuldade dos alunos está na obtenção do crédito, que exige fiador e tem juros considerados altos pelos estudantes. "O Fies do governo exige fiador, que os alunos não têm, e as instituições bancárias sobem os juros por causa da alta taxa de inadimplência do setor", complementa.
A taxa de inadimplência do Fies, por exemplo, está em 20%, índice semelhante à inadimplência nas mensalidades das faculdades particulares, que gira em torno de 23%.
Ainda assim, o Fies é responsável pela maior parte dos financiamentos do País, beneficiando 67,6% dos 250 mil alunos com crédito. Outros 20% contam com programas das próprias instituições onde estudam. O restante se divide entre alunos com empréstimos bancários ou beneficiários de programas municipais e estaduais.
No Brasil, apenas 12% dos jovens de 18 a 24 anos estão no ensino superior, índice abaixo de locais como Colômbia e Argentina. São 4,8 milhões de estudantes, sendo 3,6 milhões de instituições privadas. Apenas o Estado de São Paulo tem 1,1 milhão de alunos nas faculdades e universidades.
Uma das apostas do governo para aumentar esse índice é o Programa Universidade para Todos (ProUni), que concede bolsas de estudo totais e parciais em instituições particulares. O programa, que está formando suas primeiras turmas neste ano, atinge atualmente cerca de 250 mil estudantes.
Uma nova medida para ajudar a facilitar o acesso ao ensino superior foi anunciada no mês passado pelo governo federal. O objetivo é propor a alunos de licenciatura e Medicina beneficiados pelo Fies que trabalhem no setor público para ir abatendo sua dívida. Para cada mês na rede pública, o aluno abateria 1% da dívida. Assim, o débito seria zerado em até oito anos. A ideia é que, nesse período, o formado receba o seu salário normalmente.
O objetivo da medida é facilitar o acesso à universidade e estimular o surgimento de profissionais em áreas deficientes, como a falta de professores na rede pública, principalmente em algumas disciplinas, e a presença de médicos no Programa Saúde da Família (PSF).
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