Projeto da Unicef estimula o jovem eleitor a pensar num país mais igualitário
Na próxima semana, encerra-se o cadastramento eleitoral. Cerca de 2 milhões de adolescentes, entre 16 e 18 anos vão ganhar o direito a votar em outubro, nas eleições municipais. É de uma adolescente de 12 anos esta frase estimulante: “Se o mundo não muda, seja você a mudança”. Ela participa de uma das dezenas de iniciativas de meninas e meninos que acreditam que um outro mundo é possível, mas não ficam esperando por ele. Buscam informações, encontram soluções para seus problemas, mobilizam outras pessoas, exercitam seus direitos. Desenvolvem seus conhecimentos e habilidade, à medida que promovem o desenvolvimento de suas comunidades e a garantia dos seus direitos.
Em geral, começam suas experiências de participação na própria família. Depois, passam para contextos como a escola, onde influenciam nas decisões em sala de aula, produzem materiais de comunicação, ajudam a dar mais qualidade ao processo de ensino-aprendizagem e mais vida ao ambiente escolar.
Trabalhando juntos, eles contribuem para o crescimento uns dos outros e ganham força e representatividade por meio da constituição de coletivos. É esse o caso da Rede Sou de atitude, que nasceu em 2003, com o apoio do Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância), e reúne adolescentes e jovens de 11 estados brasileiros. Eles monitoram políticas públicas, para reconhecer e ajudar a disseminar o que está dando certo e sugerir formas de melhorar a situação da infância e adolescência. Sua pauta foca no voto consciente, a partir da análise das propostas dos candidatos e do acompanhamento de suas realizações.
Experiências como essas motivam o Unicef a investir cada vez mais na participação dos adolescentes, elemento-chave do Selo Unicef Município Aprovado, que busca melhorar as condições de vida de cada menina e menino do semi-árido brasileiro.
Em 2008, o selo os estimula a participar das eleições e acompanhar o orçamento do seu município, de forma a compreender quanto e como as prefeituras investem na infância e adolescência, que a atuação política deve ser exercida por todos, mesmo aqueles que ainda não completaram 18 anos. O Selo Unicef também quer ouvir os adolescentes e fazer repercutir sua voz, fomentando a formação de uma rede de jovens comunicadores do semi-árido mineiro, a fim de que produzam fanzines, jornais, blogs, sites, programas de rádio e TV, para promover os direitos infanto-juvenis em sua região.
A estratégia de envolvimento deles dá resultado. Na edição 2006-2007 do selo, foram ao ar quase 1 mil programas de rádio, realizados por adolescentes. Cerca de 700 mil novos eleitores de 16 e 17 anos se cadastraram na região, o que prova que o adolescente tem atitude e quer participar das decisões que fazem parte de sua própria vida. E isso passa pelo voto.
* Anna Penido é coordenadora do UNICEF para os Estados de Minas Gerais, São Paulo e Sul do Brasil