O mundo do trabalho é, frequentemente, alvo de investigações acadêmicas ou de esforços descritivos que buscam compreendê-lo melhor, nas particularidades de cada momento histórico, e assim, instrumentalizar a militância sindical para os embates da luta de classes.
Neste início de século XXI, um elemento fundamental do mundo do trabalho é a questão da juventude - seja pela necessidade de trabalhar e suas nuances, seja pela ausência de trabalho ou sua precarização. Para contribuir com esse debate, o sociólogo Anderson Campos, especialista em Economia do Trabalho e Sindicalismo pelo Centro de Estudos Sindicais e Economia do Trabalho, da Unicamp e assessor político da CUT, lança o livro Juventude e ação sindical: Crítica ao trabalho indecente, buscando problematizar de que forma se dá a inserção dos jovens no mercado de trabalho e os impactos dessa presença para a luta por "trabalho decente", bandeira do movimento sindical em defesa de direitos trabalhistas e contra a flexibilização, precarização e informalização do trabalho.
Prefaciado pelo economista Márcio Pochmann, presidente do Ipea (Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas), o livro aborda temas atuais como a questão do estágio, as políticas públicas de proteção social da juventude e a sindicalização de trabalhadores/as dessa faixa etária. "O assunto sindical também se torna estratégico para uma massa juvenil que envolve cerca de 50 milhões de brasileiros", afirma Pochmann.
Artur Henrique, presidente nacional da CUT, destaca que "a baixa estruturação do mercado de trabalho brasileiro afeta mais fortemente os jovens, que na média, tem uma inserção precária, instável e insegura; e talvez o mais grave dessa inserção precária no presente, seja o futuro".
De acordo com o autor, a intenção do trabalho é buscar uma ação sindical de jovens integrada à agenda do sindicalismo combativo, e ao mesmo tempo, que essa ação possibilite a renovação da mesma agenda.
Juventude e Ação Sindical: crítica ao trabalho indecente
Anderson Campos
Rio de Janeiro: Editora Letra e Imagem, 2010
Sumário
Prefácio | Marcio Pochmann
Introdução
I. Situação da juventude no mercado de trabalho brasileiro
Juventude e emprego na década atual
O padrão de inserção ocupacional de jovens no Brasil
Desemprego • Vínculos de trabalho • Jornada de trabalho
Trabalho doméstico • Saúde do trabalhador • Remuneração
Origem social e futuro precário
II. A precarização das relações de emprego e a juventude trabalhadora brasileira
Sentido da flexibilização das relações de trabalho
Ofensiva ideológica: empregabilidade e empreendedorismo juvenil
Estágio: ato educativo ou fraude trabalhista
O trabalho estágio • Liberdade empresarial para o uso fraudulento dos estágios • Ação sindical • Aliança sindical e estudantil
III. Políticas públicas para a juventude: trabalho decente e proteção social
Trabalho decente
O emprego juvenil na plataforma da OIT
Indicadores do déficit de trabalho decente de jovens
A promoção do trabalho decente de jovens no Brasil, segundo a OIT
Políticas Públicas para proteção social da Juventude
Políticas de assistência estudantil
IV. Sindicalização de jovens
Sindicalização e trabalho no Brasil
Sindicalização de jovens
Impactos culturais da sociedade de mercado
A política não está descartada
V. Alianças sociais e políticas da juventude sindical
A experiência da juventude da CUT
Sentido das alianças sindicais
Disputa ideológica na “sociedade civil”
Mirem-se no exemplo daquelas mulheres...
Aliança com o movimento estudantil
Unificação das lutas juvenis