Hoje, dia 27 de janeiro, tem inicio a nona edição do Fórum Social Mundial em Belém do Pará, na Amazônia. Serão cinco dias dedicados ao contato com articulações políticas e sociais, reflexão, debates e troca de experiências entre jovens de diferentes partes do mundo. No centro dos debates estará a crise econômica mundial. Aprofundar as discussões no aspecto que atinge diretamente a sociedade civil será um dos principais eixos do encontro
De acordo com a organização do Fórum a expectativa é que mais de 120 mil pessoas de 150 países compareçam as mais de 2,6 mil atividades que serão oferecidas. A presença dos jovens nas outras edições do FSM foi significativa e neste ano também não será diferente. Em 2005, pesquisa realizada pela organização do Fórum e IBASE apontou que os jovens eram 25% do público participante.
As oficinas, assembléias, seminários e atividades culturais serão concentrados na Universidade Federal do Pará (UFPA) e Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA), mas os participantes não se limitarão ao espaço acadêmico. As ruas da cidade de Belém também farão parte do roteiro dos manifestantes, que protestarão não só a crise financeira internacional, mas também a crise ambiental e de segurança alimentar que motivaram, inclusive, a escolha da Amazônia como sede do Fórum.
Sob o convite da organização do Fórum, líderes políticos da América Latina como o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Evo Morales (Bolívia), Hugo Chaves (Venezuela), Rafael Correa (Equador) e Fernando Lugo (Paraguai) já confirmaram a ida no FSM. A presença dos chefes de Estado no FSM divide opiniões entre aqueles que enxergam com bons olhos a participação de governos com posturas anti-neoliberais e os que defendem o espaço do FSM como exclusivo para a sociedade civil.
A expectativa é grande. Não só por parte da organização, mas também dos jovens que participarão do encontro. Para o estudante de Geografia da UFF (Universidade Federal Fluminense) Felipe Nascimento, 21, valerá a pena enfrentar uma viagem de três dias pelas rodovias brasileiras para completar os 3250 km que separam o Rio de Janeiro de Belém. “Nunca fui a nenhum Fórum. Eu espero que como este que será realizado na Amazônia, haja maior participação da América Central (Caribe), da Venezuela e Colômbia”, disse o estudante ao Observatório Jovem.
O capital x o social
O Fórum Social Mundial acontece paralelamente ao Fórum Econômico Mundial e é o total contraponto ao encontro sediado na Suíça, país que comporta a matriz de importantes bancos privados e é reconhecido por ser uma das economias mais ricas do mundo. Chefes de Estados e empresários reúnem-se para discutir o rumo dos negócios no planeta em Davos, sociólogos, líderes indígenas, ambientalistas, organizações juvenis, movimentos sociais e jovens reúnem-se no FSM para debater maneiras de criar uma sociedade mais justa.
A juventude em movimento
Proximidade e articulação. O acampamento da juventude localizado na UFRA, é um dos espaços de destaque do Fórum. Cerca de cinco mil jovens já estão alojados e de acordo com a organização mais dez mil passaram pelo território até o final do evento. São estudantes, músicos, representantes de organizações sindicais e movimentos sociais de diferentes partes do planeta que veem no acampamento a oportunidade de intercâmbio cultural, trocas de informação e experiência.
O acampamento é realizado desde a primeira edição do Fórum Social Mundial, em 2001. Reconhecido por ser um espaço que permite aos jovens dar voz às suas contribuições para a construção de um mundo melhor, o acampamento prevê uma programação especial que vai desde oficinas, seminários e exposições até shows e outros eventos.
O FSM é utilizado por diversas entidades como ferramenta para organizar a sociedade civil e pressionar o Estado em diferentes esferas de poder. O Encontro das Lutas Juvenis, que ocorrerá no dia 29 de janeiro, às 13h, na UFRA, é um exemplo da tentativa de união dos jovens e do movimento social.
O Encontro das Lutas Juvenis será realizado por um grupo de quatorze entidades e redes de diferentes regiões do Brasil ligadas à temática dos jovens. O grupo há dois anos debate e interfere na elaboração de uma agenda nacional de Políticas Públicas de Juventude.
Os integrantes dos movimentos juvenis ressaltam a importância do Fórum Social Mundial como um dos poucos espaços de resistência à globalização capitalista. A Organização Juvenil também destaca o Fórum como sendo um importante território para estimular os jovens a conviver com a diversidade e elaborar estratégias para enfrentar as desigualdades sociais e opressões.
As oficinas e palestras entram como peças-chave para incentivar a reflexão de como o Estado e o individuo poderiam atuar para minimizar os efeitos da desigualdade social. No caso da juventude, o trabalho com a troca de experiências é o que mais tem mostrado resultados em mobilizações sociais.
Com o intuito de aproximar os jovens a repensar os seus valores uma série de oficinas serão ministradas por organizações que tem o jovem como figura central. É o caso do Rejuma (Rede de Jovens Ambientalistas); do IBASE em conjunto com o Instituto Polis, Friedrich Ebert Stinfitung-FES e Ação Educativa que organizarão um seminário sobre os jovens e a construção do espaço público da América do Sul; o Fórum Nacional de Juventude Negra também organizará debates sobre a atuação dos jovens negros na sociedade; além disso, uma nova proposta que pretende contribuir para a construção de diálogos com jovens em situação de risco será apresentado na oficina Quadros organizada pelo Instituto Fontes.
Centralidade
O FSM 2009 chega depois de um ano em que o encontro não teve um epicentro. No ano de 2008 atos públicos sob a coordenação de movimentos sociais e outros membros da sociedade civil de diversas partes do mundo aconteceram de forma simultânea em 82 países e marcaram o Dia de Mobilização e Ação Global.
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