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Disparidade de notas levanta nova polêmica sobre cotas

Levantamento comparativo mostra que a diferença entre as faixas de nota dos candidatos egressos de escolas públicas e particulares, no vestibular da UFJF, é superior a 100% em cursos com menor concorrência

A disparidade de pontuação entre os candidatos egressos de escolas públicas e particulares no vestibular da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) mantém a polêmica em torno do sistema de cotas, que será reavaliado a partir de março. Levantamento comparativo mostra que a diferença entre as notas é superior a 100% em cursos com menor concorrência, como é o caso da formação em Estatística. Enquanto a menor nota no grupo C (não-cotistas) ficou próxima a 100 pontos, de um total de 240, no Grupo B (concorrentes que estudaram pelo menos sete anos em escola pública), a nota mínima não passou de 45.  Marcelo Bonoto, coordenador da escola particular de ensino médio Apogeu, acredita que o sistema de cotas está deixando de cumprir seu objetivo social. “Percebo que existe uma falsa justiça no processo. Nas carreiras mais elitizadas, os alunos carentes continuam tendo dificuldade para entrar na universidade”, diz. O pró-reitor de Graduação da UFJF, Eduardo Magrone, rebate as críticas ao desempenho dos alunos cotistas dentro da universidade. “Uma primeira avaliação de notas mostra que eles alcançam médias iguais ou até melhores que as dos acadêmicos não incluídos em cotas, com exceção de alguns cursos nas áreas de ciência e tecnologia”, defende. Para ele ainda há muito preconceito em relação à reserva de vagas para negros e oriundos do ensino público. 

O outro lado das cotas
Ontem (12), um grupo de 23 pais procuraram a Justiça para garantir a matrícula de seus filhos na Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Eles acreditam que os estudantes foram prejudicados pelo sistema de cotas da instituição. Os candidatos atingiram pontuação maior que a dos cotistas, mas não conseguiram vagas por causa da reserva de matrículas – que no caso é para estudantes de escolas públicas. Segundo os familiares, apesar de não serem cotistas, os jovens não têm condições de pagar instituições particulares ou não podem ser inseridos em programas como o Prouni, Nossa Bolsa e nem disputar o Financiamento Estudantil (Fies). Outro grupo de 49 pais que entrou na justiça contra o sistema aguarda decisão do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF) no Rio de Janeiro, há mais de dois meses.

Publicado originalmente em 13/02/2008
Pelos jornais Tribuna de Minas (MG), por Jacqueline Silva e Sabrina Santos; e A Gazeta (ES), por Daniela Souza