Em entrevista à Rádio Unicef, a jovem Fatuma Roba, de 22 anos, lamenta a
violência. A estudante diz que a capital Nairóbi é o centro da revolta. Com
medo, ela não sabe se voltará à escola. Pelos menos 300 pessoas já morreram
devido a onda de violência étnica que tomou conta da região após o anúncio
da reeleição, supostamente fraudulenta, do presidente Mwai Kibaki
“O centro da violência (Nairóbi) é onde eu vivo. A violência está afetando tudo”. A informação é da jovem Fatuma Roba, de 22 anos, integrante do projeto Voices of Youth, do Unicef. De sua casa, ela foi entrevistada pela Rádio Unicef, para a qual falou sobre a grave crise que seu país, Quênia, vem enfrentando nos últimos dias. Pelos menos 300 pessoas já morreram devido a onda de violência étnica que tomou conta da região após o anúncio da reeleição, supostamente fraudulenta, do presidente Mwai Kibaki. De acordo com a Cruz Vermelha, pelo menos 100 mil pessoas abandonaram seus lares e outras mil estão feridas.
A adolescente afirmou que o conflito afetou o fornecimento de energia elétrica, água e comida. Segundo ela, várias pessoas de sua comunidade abandonaram as casas por medo. “Nossas vidas estão paralisadas. Tudo isso é muito tenso e estou muito assustada”, disse.
Fatuma também está preocupada com os estudos. As escolas, após o período de festas e feriados, deverão reabrir em breve, mas a adolescente acredita que será difícil freqüentar as aulas, já que não tem saído de casa por causa da insegurança local. “Não sabemos se iremos voltar para a escola. Até o momento, não posso dizer nada", lamenta.
Nas eleições presidenciais do dia 27 de janeiro, Fatuma votou pela primeira vez. Ela disse que ficou bastante contente. Mas se o processo eleitoral deflagrar uma grande revolta, Fatuma afirma que não tem certeza se participará de novas eleições.
“No momento, não sabemos se seremos vítimas da violência devido a questões políticas. Estou com medo de votar na próxima vez. Não quero que isso aconteça. Ninguém quer ser vítima da guerra em seu próprio país. Somos quenianos. Este é o nosso país, mas estamos nos comportando, vivendo, como refugiados”, disse.
De acordo com a Rádio Unicef, Fatuma é uma jovem ativista política que regularmente participa de atividades femininas no centro de Kibera, uma das maiores favelas do país, onde vive cerca de um quarto da população de Nairóbi, capital do Quênia.
Fonte: Voices of Youth/Unicef