Dados mostram baixo impacto do programa na vida de adolescentes
Brasília - Um dos vários programas do governo federal voltados para a Juventude, o Agente Jovem teve, nos últimos quatro anos, um impacto reduzido na vida dos adolescentes que passaram por ele.
Pesquisa preparada pela Universidade Federal Fluminense, a pedido do Ministério do Desenvolvimento Social, mostra que a maioria dos ex-beneficiários do programa não conseguiu arranjar trabalho com carteira assinada. Indica também que o número dos que continuaram estudando depois de sair do programa é apenas um pouco maior do que daqueles que nunca foram um “agente jovem”.
Voltado para adolescentes de 15 a 18 anos incompletos de famílias pobres, com renda per capita de até meio salário mínimo, o Agente Jovem foi criado em 2002, ainda no governo Fernando Henrique, para atender os adolescentes que não eram cobertos pelo programa Bolsa-Escola. Foi mantido, desde essa época, nos mesmos moldes: jovens desse grupo recebem uma bolsa mensal de R$ 65 durante um ano para estudar, participar de atividades extra-escolares, como aulas de noções de saúde, cidadania e, em alguns casos, formação profissional.
É na educação que o programa parece não ter tido um resultado positivo. “A análise dos dados não permite identificar diferenças significativas entre os ex-beneficiários e os não-beneficiários quando são observados aspectos objetivos tais como estar estudando em 2006, porcentual de aprovação e de abandono e evasão. Nesse sentido não foi observado impacto do projeto”, conclui a pesquisa. De acordo com o levantamento, 69,1% dos jovens que participaram do programa estavam estudando, ante 66,8% dos que não participaram.
Em relação às perspectivas de trabalho, há uma diferença maior entre os dois grupos. Os jovens que participaram do programa são mais ativos na busca de emprego e, em muitos casos, fizeram algum curso preparatório com intuito de facilitar o ingresso no mercado de trabalho. No entanto, os efeitos práticos disso não parecem muito positivos. Apesar de mais egressos do programa estarem trabalhando - 41% a 33% -, a grande maioria está no mercado informal, da mesma forma que os demais jovens que não foram beneficiados pela bolsa.
Apenas 19,7% dos ex-beneficiários têm carteira assinada, enquanto no outro grupo são 18,4%. Essa foi justamente uma das maiores críticas feitas ao programa pelos pais e pelos próprios jovens ao programa.
Transição
Na parte qualitativa da pesquisa, muitos reclamaram que o Agente Jovem acabava sem dar um apoio ao jovem na transição do ensino médio para o mercado de trabalho. “Embora os jovens e os responsáveis tenham declarado que valorizam as atividades do Agente Jovem, apontam as limitações de um projeto que dura um ano e ‘não oferece nada depois’”, informa a pesquisa. É com base nesses dados, levantados em 2006 e concluídos em meados deste ano, que o governo prepara a mudança a ser feita a partir de 2008.
A pesquisa mostra que o maior efeito do programa é no que o governo chama de “participação e cidadania” e saúde. Quase 63% dos ex-beneficiários do programa participaram de algum tipo de associação ou conselho, como grêmios estudantis ou culturais.
Publicado originalmente no dia 30/10, pelo jornal O Estado de S. Paulo – SP –
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Serviço do Observatório Jovem do Rio de Janeiro
Acesse na página do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS) as sínteses das pesquisas
Pesquisa Qualitativa da Avaliação do Projeto Agente Jovem
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Resultado da Pesquisa Quantitativa de Avaliação de Impacto do Projeto Agente Jovem
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