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Reportagens

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A reação da Faculdade de Educação aos furtos

Estudantes de Pedagogia fazem apitaço contra a falta de segurança na FEUFFFaculdade de Educação da UFF pode não abrir as portas no segundo semestre. Cerca de 30 pessoas entre professores e alunos participaram da reunião de Colegiado de Unidade, no dia 02 de julho que apontou as falhas de segurança na Universidade e propôs medidas para evitar novos roubos

A reunião ocorreu por conta do furto ocorrido há pouco mais de um mês no prédio da Faculdade de Educação (FEUFF). Aparentemente, teriam sido dois homens que invadiram e fugiram levando computadores, aparelhos de DVD, data show, notebooks, monitores LCD, aparelho de som, gravador de DVD, câmera fotográfica, filmadoras e microfone.

Desde janeiro até maio deste ano, a FEUFF foi saqueada cinco vezes e nenhuma providência havia sido tomada até o último furto. A Polícia Federal investigou os furtos anteriores, mas sem sucesso. De acordo com os membros das comissões de sindicância, há indícios de que os sucessivos roubos ocorridos na FEUFF foram realizados por uma mesma quadrilha.

Diante da falta de segurança do prédio que expõe não só equipamentos, mas a integridade física de todos  os usuários, da negligência de vigias/vigilantes das empresas Croll e Centauro e da omissão da reitoria diante do ocorrido, a proposta de paralisação por tempo indeterminado foi levantada e apoiada pelos presentes na reunião de Colegiado como forma de pressionar para que reformas sejam realizadas com urgência na unidade.

“Precisamos tomar medidas muito radicais, o reitor deve deixar a sua posição de magnífico e assumir a sua função de administrador”, indignou-se o professor Dácio Tavares.

Universidade grita por socorro

A Comissão de Sindicância, composta por professores e funcionários, após apurar as gravações das câmeras de segurança no dia do furto, coletar entrevistas e informações, apresentou em seu relatório as fragilidades do prédio da FEUFF que teriam facilitado o acesso dos criminosos.

De acordo com a Comissão, problemas de ordem administrativa como a imprecisão do número de pessoas que possuem a chave da porta de acesso ao prédio da faculdade de Educação e o precário esquema de monitoramento interno denotam as falhas da segurança na unidade.

A diretora da FEUFF, professora Márcia Pessanha rebateu as acusações de omissão:

“Sensores de movimento e câmeras foram requeridos, mas a instalação depende de outras pessoas e não apenas de nós”.

Em relação ao furto do dia 29/30 de maio a comissão de sindicância acredita que um dos ladrões seria Imagens da câmera de segurança da Faculdade de Educação durante o furtoalguém com bom conhecimento do espaço interno da Faculdade de Educação. Com base nas gravações, afirmam também que os criminosos possuem um conhecimento técnico sobre os equipamentos furtados.

O relatório aponta ainda que houve displicência por parte dos funcionários da Croll e da Centauro (empresas responsáveis pela segurança da UFF) que faziam a ronda no dia do crime. As comissões levantaram questões que não foram respondidas até agora: o veículo que transportava o material furtado passou pela guarita da entrada principal do Campus Gragoatá?

Não é a primeira vez que uma grande quantidade de material da universidade é saqueada e consegue sair despercebida do Campus Gragoatá. De acordo com informações recolhidas pela Comissão de Segurança Patrimonial, em fevereiro deste ano cerca de 600 kg de carne de frango, mais de 100 Kg de carne seca e dois computadores, foram furtados do restaurante universitário

Medidas emergenciais

Com o objetivo de assessorar o colegiado de unidade e a direção da faculdade em medidas para cessar os furtos na instituição, a Comissão Provisória de Segurança Patrimonial, além de apontar os a vulnerabilidade de segurança e as falhas administrativas da direção da FEUFF,  sugeriu 22 medidas para impedir que novos roubos.

As entrevistas com servidores, professores, superintendentes da UFF, supervisores e vigias da Croll realizadas pela Comissão Provisória de Segurança afirmou que o campus do Gragoatá é um chamariz para ações criminosas.

A comissão ainda atestou a insuficiência de segurança para o número de pessoas que circulam no Campus. De acordo com a apuração, já foram três os casos que envolveram assalto a mão armada e dois estupros.

A revolta de professores e alunos tomou conta da reunião. Indignado com a falta de atitude da administração da Faculdade de Educação e da Reitoria, o professor Paulo Carrano falou o quanto o acúmulo de fatos como furtos e displicência, sem investigação e punição, compõe uma cadeia de omissões que tendem a se agravar mais, caso nada seja feito. A indignação do professor Carrano vem com motivo: só neste ano o grupo de pesquisa que coordena, já sofreu dois furtos de equipamentos na Faculdade de Educação:

“Está impossível trabalhar neste prédio, não tenho confiança nesta instituição para deixar o nosso material de pesquisa aqui.”

“Esta situação me faz sentir vergonha de ser funcionário público”, comentou o professor com indignação.

Carrano teme perder o acervo de mais de 400 horas de filmagens do grupo de pesquisa que coordena. O próximo documentário do Observatório Jovem com jovens moradores de uma comunidade popular em Niterói está em fase de edição, são cerca de 100 horas de gravação que estão sendo transcritas e selecionadas. Caso os ladrões roubassem as fitas com mais de seis meses de filmagem, além dos equipamentos, o prejuízo seria inestimável e não poderia ser ressarcido.

Diante deste quadro de vulnerabilidade, a Comissão Provisória de Segurança Patrimonial propôs 22 medidas que vão desde a reforma na área estrutural do prédio de Educação até regras para a identificação na portaria de visitantes à unidade.

Segundo o relatório da Comissão Patrimonial, todas as proposições poderão ser utilizadas para formulação da política de segurança patrimonial, que hoje é inexistente na Faculdade de Educação. Os membros da comissão destacam também que atualmente administradores de todos os níveis hierárquicos da UFF, dificilmente formulam medidas eficazes para a proteção do patrimônio, ou quando o fazem, não verificam se as diretrizes estão sendo cumpridas.  

As indignações e problemas apresentados na reunião de Colegiado da Unidade, rendeu uma pauta de reivindicações feita pela direção da Faculdade de Educação que será entregue à Reitoria.

A empresa de segurança assumiu que houve negligência dos seus funcionários e se responsabilizou em ressarcir o equipamento furtado, mas até o momento a firma não deu uma previsão de quando irá repor o material. 

Leia mais

Faculdade de Educação da UFF é saqueada

A interface da juventude iraniana

Sem armas de fogo, mas amparados pela tecnologia da internet a juventude iraniana  tem driblado a censura pelas redes sociais da Internet, promovido uma revolução em seu país e um choque entre gerações. Com o conturbado resultado da eleição que derrotou o Ex-primeiro Ministro Mir Hossein Mousavi e garantiu a vitória duvidosa, por 63%, do então presidente conservador Mahmoud Ahmadinejad, uma onda de protestos foi desencadeada na República Islâmica do Irã

 

 

 

 

Conversa virtual sobre diálogo nas escolas inaugura portal sobre Ensino Médio

O portal EMdiálogo entrou na rede na quinta-feira, dia 19 de junho. O lançamento virtual foi realizado com um bate-papo online com a pergunta “Há diálogo nas escolas?”. Durante duas horas, os professores coordenadores da iniciativa, Paulo Carrano (Observatório Jovem/UFF) e Juarez Dayrell (Observatório da Juventude/UFMG) conversaram com estudantes, professores e pesquisadores. Os assuntos foram desde a relação família-escola até condições de acessibilidade das instituições de educação, preconceito e reflexões sobre o próprio portal.

“Os participantes ficaram centrados nos temas e conseguimos encaminhar bem as questões. Os temas discutidos foram os mais polêmicos, o preconceito, a questão da família e o próprio diálogo, que foi o ponto de partida e daí outras assuntos foram aparecendo. Há diálogo sobre o preconceito?, por exemplo, foi um dos temas discutidos”, relata Daniele Monteiro, coordenadora do portal EMdiálogo. Ela também participou do bate-papo.

O EMdiálogo nasce com uma proposta que tem tudo a ver com o seu próprio nome – provocar o diálogo acerca do Ensino Médio. A iniciativa quer possibilitar que os atores envolvidos cotidianamente com a escola – alunos e professores – mas também pesquisadores e sociedade em geral interessada no tema tenham um espaço virtual de reflexão e proposições para a melhoria dessa fase de ensino.

“Foi o primeiro bate-papo. Tivemos presença maior de pesquisadores do que alunos. Com mais divulgação conseguiremos mais opiniões de alunos. O objetivo agora é trazer essa galera para a página. O diálogo que propomos envolve principalmente esses jovens”, avalia Daniele.

Rede incentiva que estudantes escrevam sobre suas escolas

É nesse sentido que o portal disponibiliza um espaço para os estudantes divulgarem produções no formato de blogs, vídeos, fotos ou textos. Começou a funcionar também a “Rede de Jovens Observadores das Escolas”, com divulgação no portal. Na Rede, estudantes de todo o Brasil podem ser comunicadores populares e tem a disposição um manual com dicas para fazerem um relato bem fundamentado e consequente sobre o cotidiano das escolas.

Já estão publicados no EMdiálogo os relatos de dois estudantes de Ensino Médio. Karolinne Cézar fala sobre atividades realizadas no Colégio Municipal Francisco Porto de Aguiar, em Arraial do Cabo (RJ) e Renan Corrêa relata as expectativas do Colégio Técnico da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (CTUR) com a nova direção da instituição. Acesse aqui .


Portal publica série de reportagens sobre escola

O Instituto de Educação Clélia Nancy, em São Gonçalo, região metropolitana do Rio de Janeiro, foi uma das primeiras escolas a receber a equipe do EMdiálogo. Durante cinco visitas, foram entrevistados alunos, professores e a direção do Instituto. A série de reportagens sobre a escola já começou a ser publicada no EMdiálogo e relata, por exemplo, como é diferente o turno da noite em relação ao da manhã e da tarde. Durante o dia, a formação da escola é pedagógica, com duração de quatro anos, já à noite, o Ensino Médio é o tradicional, com poucos alunos em relação aos outros turnos. Clique aqui e confira.

Ensino Médio em Diálogo

Portal sobre Ensino Médio vai ser lançado na próxima quinta (18) com debate virtual . A relação entre os estudantes de Ensino Médio e suas escolas será o tema de fórum na internet que contará com a participação dos pesquisadores Juarez Dayrell (UFMG) e Paulo Carrano (UFF).  O bate-papo “Há diálogo nas escolas?” vai ser realizado no dia 18 de junho, das 17 às 19 horas, durante lançamento do portal EMdiálogo (www.emdialogo.com.br).  Todos os interessados podem participar do fórum
 

O portal EMdiálogo está sendo criado conjuntamente pelo Observatório Jovem da UFF/RJ e Observatório da Juventude/UFMG. A iniciativa surge em um momento de grande discussão acerca do Ensino Médio e coincide com o lançamento do Projeto Ensino Médio Inovador proposto pelo Ministério da Educação. A fase é considerada uma das mais críticas do ensino no Brasil. Para se ter uma idéia, segundo dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP), a taxa de evasão é de 10% e 44,9% do total de alunos está fora da idade prevista para a série em que estuda. 
 
Diante dessas questões, o EMdiálogo pretende ser referência para todos os interessados pelo Ensino Médio, com hospedagem de documentos sobre jovens e Ensino Médio, fóruns de debates sobre o tema, textos e produções audiovisuais feitos pelos estudantes, bem como notícias e reportagens sobre as escolas e os jovens.
 
Para o professor Paulo Carrano, um dos coordenadores da iniciativa, os estudantes do Ensino Médio têm o direito ao ensino de qualidade historicamente sonegado. “O ensino é médio, mas não precisa ser medíocre. Os estudantes têm direito a uma escola bem equipada, a conteúdos para promover a emancipação deles.” Para Carrano, o portal abre caminho para uma conversa franca entre todos os interessados na melhoria do ensino, principalmente os estudantes. “O diálogo pode ajudar a construir caminhos em comum para superar as dificuldades e pressionar governos a ofertar o direito a escola pública de Ensino Médio de qualidade. Governos estão deixando de fazer o dever de casa na oferta de direitos”, conclui.
 
 A página é uma das ações do projeto Diálogos com o Ensino Médio, realizado pelo Observatório Jovem do Rio de Janeiro/UFF e o Observatório da Juventude da UFMG, com apoio da Secretaria de Educação Básica do Ministério da Educação. 

Serviço:
Lançamento virtual do Portal EMdiálogo
Fórum online com pesquisadores Juarez Dayrell e Paulo Carrano
Dia 18, às 17 horas
www.emdialogo.com.br 
 

Contatos para Imprensa:

 Professor Juarez Dayrell – Coordenador do Observatório da Juventude/UFMG: 
Professor Paulo Carrano – Coordenador do Observatório Jovem/UFF
Endereço eletrônico: emdialogo@gmail.com.

Discussão sobre Segurança Pública mobiliza jovens de comunidades

O Fórum de Juventudes do Rio de Janeiro (FJRF) em parceria com outras instituições realizou no dia 16 de maio no galpão do Ação Cidadania, Centro do Rio de Janeiro, a   1° Conferência Livre de Segurança Pública. A proposta do encontro foi discutir temas de prevenção e combate a criminalidade

A Conferência contou com cerca de 72  participantes, sendo que a maior parte dos presentes eram jovens  moradores de comunidades populares. Especialistas, representantes de movimento sociais e pesquisadores da área de segurança e criminalidade como: Sílvia Ramos- CESeC/Universidade Cândido Mendes; Renata Willadino- Observatório de Favelas; Alzira Gomes -Guarda Municipal; Luciano Mendonça – Pronasci; Mauro Lima –FJRJ; Luciana Phebo-Unicef; Mayara Rodrigues -Plataforma dos Centros Urbanos e FJRJ; e Jacques Shwarzstein – Unicef. Além de militantes como Thaís Zimbwe, do Fórum de Juventudes Negras.

Fransérgio Goulart, assessor de projetos do Centro de Promoção da Saúde (Cedaps), e integrante  da Secretaria Executiva do Fórum de Juventudes, falou das impressões pessoais que teve da Conferência em um relatório sobre o evento: “O evento foi um mix de denúncias, emoção e muitas propostas apontadas pelos jovens. Na parte de depoimentos, a história de vida de Samuca, ex-presidiário, que hoje desenvolve um trabalho comunitário no Centro Cultural História Que Eu Conto em Vila Aliança foi pra lá de emocionante”, conta.

As discussões propostas na Conferência foram dividas em eixos temáticos como Mídia e Segurança Pública, Milícia e Polícia, Participação Juvenil em Segurança Pública, Prevenção da Violência e Garantia de Direitos. Goulart destaca que outro momento que sensibilizou os participantes do encontro foi o depoimento de jovens que estiveram envolvidos com a rede ilícita do tráfico.

“Estes jovens atualmente são participantes de ações e projetos do Observatório de Favelas que vem trabalhando incansavelmente junto com outras instituições na construção de alternativas para estes jovens que desejam sair desta rede ilícita. Outro  relato pra lá de emocionante foi da liderança comunitária Grancinda Bueno  da Rede de Comunidades Saudáveis falando do assassinato de sua sobrinha (caso da ex- remadora do Flamengo amplamente divulgado na imprensa carioca) dizendo que teve que se despir do seu preconceito em relação a  polícia, para que o caso fosse resolvido.  No que tange as denúncias,as de sempre já relatadas. Muito abuso de poder por parte dos policiais. Na parte das denúncias, uma instituição também foi denunciada: "A Grande mídia”, que trata a juventude moradora das comunidades quase sempre como o  problema. Jovem da Maré: "na Zona Sul o jovem que é pego com maconha é usuário, já na favela é viciado e bandido.” 
Trecho do Relatório de Fransérgio Goulart.

Os jovens e membros das comunidades populares durante a Conferência questionaram temáticas como o policiamento comunitário, muros em favelas e o uso dos blindados -“caveirões”- nas incursões policias nas comunidades. Renata Bhering é militante do FJRJ e representante da Comissão Organizadora da Etapa Municipal da 1ª Conferência Nacional de Segurança Pública. Em entrevista ao Observatório de Favelas Renata falou dos temas debatidos no grupo de trabalho com os jovens: “Os jovens fizeram propostas de diretrizes para o plano nacional de segurança pública e contaram sobre sua relação com a polícia, milícia e o tráfico de drogas, e sobre a dificuldade de acesso dos moradores de comunidades às políticas públicas básicas, como educação e saúde” contou.

O objetivo do encontro foi aprovar propostas para integrar um caderno de diretrizes a ser encaminhado à 1ª Conferência Nacional de Segurança Pública (Conseg), que será realizada em agosto deste ano, em Brasília. A Conferência Livre de Segurança Pública, no Rio de Janeiro, é uma preparação para a Conseg, que busca a mobilização nacional  por meio de encontros regionais que integrem a população para a definição de uma nova política de segurança pública no Brasil.

Saiba mais visitando a página da Conferência Nacional de Segurança Pública

 

Uma nova porta de entrada nas universidades federais

Por Jaqueline Deister

As universidades públicas começaram a se posicionar em relação ao vestibular unificado. A Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO) foi a primeira das instituições de ensino superior do Rio de Janeiro a optar pelo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) como única forma de ingresso dos candidatos. No dia primeiro de maio foi a vez da Universidade Federal Fluminense (UFF) anunciar que adotará a prova do Enem em seu critério de avaliação a partir do ano de 2010

Assim que a proposta do vestibular unificado foi anunciada pelo Ministro da Educação Fernando Haddad, em 25 de março, a UFF foi uma das universidades federais que mais mostrou insegurança em substituir o vestibular tradicional pelo Enem. Em entrevista ao Observatório Jovem, o reitor da UFF, Roberto Salles, disse que a proposta seria muito boa e inovadora, porém tinha dúvidas a respeito de como seria o ranking de entrada dos alunos na instituição. Salles questionou também a disparidade regional que o novo método poderia causar, já que os alunos dos grandes centros urbanos poderiam se deslocar para cidades menores onde a procura é menor, tirando a vaga dos candidatos que tenham uma condição socioeconômica desfavorável.

No dia 29 de abril o Conselho de Ensino e Pesquisa (CEP) da Universidade Federal Fluminense aprovou por unanimidade a aplicação do novo modelo de vestibular para a primeira fase, que tem caráter eliminatório, do processo seletivo de 2010. Foi com polêmica que o Conselho Universitário confirmou no dia seis de maio a decisão do CEP. A avaliação contará com duas provas com pesos iguais, sendo uma composta de 200 questões objetivas do novo Enem e outra pela prova de múltipla-escolha da UFF, contemplando grandes áreas de conhecimento.

 O coordenador do vestibular da UFF, professor Néliton Ventura explicou ao Observatório Jovem como será a inserção do Enem no vestibular: “A prova do Enem equivalerá a 50% da nota relativa a primeira fase do vestibular, os outros 50% restante, serão por conta da primeira etapa do vestibular da UFF que será um pouco modificada”, disse Ventura.

Receoso com a nova proposta do MEC, o Prof. Ventura destacou que esta foi a solução encontrada pelo Conselho Universitário de aderir a iniciativa do MEC sem desqualificar o nível das avaliações: “Não abrimos mão da segunda etapa do vestibular”, afirmou  Ventura, que questiona a pressa do MEC em implementar a proposta. O coordenador do vestibular ainda ressaltou que a UFF premiará com um bônus de 5% sobre a nota final, os estudantes da rede municipal e estadual de ensino, que alcançarem rendimento acima de 70% do novo Enem.

Universidade para todos

A democratização do acesso as Universidades públicas, a reformulação curricular do Ensino Médio e a mobilidade estudantil são apontadas pelo governo como justificativas para implementar o novo Enem como critério de seleção no vestibular.

O coordenador do Observatório Jovem e professor do Programa de pós-graduação em Educação da UFF, Paulo Carrano, destaca a importância de se aprofundar o debate e se buscar estratégias de democratização de acesso dos jovens brasileiros ao ensino superior público. Carrano lembra que mais de 12 milhões de jovens no Brasil não concluem o ensino médio e que apenas 16% ingressam no ensino superior.

O professor reconhece que as notas do Enem reproduzem a desigualdade na educação brasileira expressa nas melhores notas de algumas escolas privadas em relação a maioria das públicas. Carrano afirma que a competitividade do vestibular privilegia os candidatos da classe média que obtiveram uma melhor formação escolar. O coordenador do Observatório Jovem também salienta o fato da maioria dos jovens brasileiros terem dificuldades para prosseguir os estudos. “Os atrasos provocados por repetências em séries cursadas e abandonos do ano letivo são os maiores problemas na Educação do Brasil hoje”, destacou.

Segundo dados, da Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílios (PNAD/IBGE) apresentados pelo Professor, 27% dos jovens de ensino fundamental não completam o segmento e os outros 27% ingressam no ensino médio, mas não o concluem. Carrano lamenta o fato das universidades terem tido tão pouco tempo para aprofundar o debate antes de tomarem uma posição definitiva. “O debate interno com envolvimento amplo da comunidade acadêmica teria sido salutar para que o conflito entre as diferentes posições se explicitasse”, ponderou.

Para Eduardo Peterle Nascimento, mestre em Sociologia da Educação pela Universidade de São Paulo (USP), não será possível notar uma mudança no quadro da Educação Superior de imediato. “No médio e longo prazo haverá uma ampliação das oportunidades de acesso das camadas populares, possibilitada pela melhora da qualidade do ensino público e do exame de acesso”, salientou o pesquisador. Eduardo acredita na eficiência do Enem atrelado diretamente ao PCNs (Parâmetros Curriculares Nacionais) e ao RCNs (Referencial Curricular Nacional).

A mudança que ocorrerá com o Enem, deixando de ser um meio para avaliar a qualidade do Ensino Médio no país para se tornar um concurso público gera expectativa nos educadores. Em entrevista exclusiva ao Observatório Jovem, Eduardo Peterle Nascimento disse que o Enem terá “utilidade mais concreta” para os alunos já que passará de um instrumento que monitora a qualidade da educação pública, para uma ferramenta de ingresso ao Ensino Superior. 

Eduardo Nascimento discorda do argumento dado por parte dos reitores relativo à disparidade regional. Para o pesquisador, os jovens de melhores condições econômicas buscam instituições e carreiras de prestígio e status localizadas nas metrópoles. “Essas instituições, normalmente, são mais concorridas e se localizam nos centros urbanos. Não vejo razões para esse quadro mudar devido ao complexo mercado de diplomas", afirmou Eduardo

Mas nem todos pensam assim. A professora da Faculdade de Educação da UFF, Angela Siqueira, não concorda que o novo sistema de avaliação possibilitará uma universidade mais democrática. A pesquisadora acredita que o ENEM virá como uma “falsa” solução para um problema que origina-se na desigualdade social. “Desvia-se o foco da prioridade real da educação no país, que deve transparecer num orçamento robusto, num comprometimento com as condições de ensino e de trabalho, em propiciar uma escola de qualidade e com muitas atividades e espaços educativos para os mais pobres”, salientou a professora em artigo intitulado: “Novo vestibular ou uma nova cortina de fumaça?”

Cursinhos pré-vestibulares

No município de Petrópolis, na região serrana do estado do Rio de Janeiro, o curso pré-vestibular do Centro Educacional Maurício Barroso (CEMB-MPB) é conhecido por obter um alto número de aprovações em universidades federais. No ano passado foram cerca de 300 alunos que prestaram vestibular, sendo que 70%  conseguiram ingressar no curso superior em uma instituição pública de ensino. A escola no ano passado obteve um aproveitamento razoável no Enem, com uma média geral de 58,23 pontos ficando cerca de nove pontos a frente da média nacional.

O professor e dono da rede de ensino, Francisco Maurício Barroso, tem tradição quando o assunto é vestibular. Maurício leciona em cursinhos há 50 anos. Foi um dos colaboradores para a fundação do vestibular Cesgranrio em 1971, cujo intuito era unificar todas as avaliações da região do Grande Rio em uma única prova produzida por uma mesma instituição. 

Maurício Barroso vê com otimismo a proposta do MEC, principalmente pelo ponto de vista do aluno pagar uma única inscrição no vestibular. “O desumano hoje é o número de provas que os candidatos têm que fazer e a quantidade de dinheiro que gastam com a inscrição. O vestibular dá lucro para as universidades, muitas temem aderir ao Enem e perder este retorno financeiro”, afirmou Maurício que foi auxiliar do educador Paulo Freire na Campanha Nacional pela Alfabetização no governo de João Goulart.

Porém, a idéia do vestibular unificado não é vista com tão bons olhos por alguns estudantes e pesquisadores.

A professora Angela Siqueira compara o modelo de prova da nova proposta do MEC ao critério de seleção utilizado nos Estados Unidos conhecido como conhecido por sua sigla: SAT (Scholastic Aptitud Test), cujo principio seria democratizar o acesso, mas, segundo a pesquisadora, transforma a educação em mercadoria. “A mobilidade estudantil nos EUA depende de recursos das famílias, como aqui também dependerá”, ressaltou a pesquisadora.

Angela vai ainda mais longe e diz que os cursinhos de pré-vestibular já estão se adaptando para se tornarem “cursinhos pré- Enem”. A professora relembra que o Brasil já obteve o vestibular unificado na década de 70 com a Fundação Cesgranrio e que o método não funcionou. “As universidades públicas, por pressão das privadas, acabaram criando a Fundação Cesgranrio, e o método gerou muitos alunos para as instituições privadas, já que os estudantes que não passavam nas públicas podiam entrar em segundo ou terceira opção nas privadas” destacou.

Para Francine Nascimento Quintão, 20, que almeja uma vaga no curso de Desenho Industrial em uma universidade federal, o estresse psicológico será muito maior: “Sou contra este modelo, pois será muito mais sacrificante. Prefiro a possibilidade de ter diferentes dias para fazer a prova”, afirmou a estudante.

Rafaela Barros Kneipp, 18, ainda não decidiu entre o curso de Engenharia Naval e Engenharia Química, a estudante só tem uma certeza: quer uma universidade federal. Rafaela vê a proposta com o mesmo receio de Francine, mas reconhece dois pontos positivos da nova forma de ingresso no ensino superior: - Gosto do fato de não precisar gastar tanto dinheiro com a inscrição e de saber a nota antes de escolher o curso.

No dia oito de maio o Ministro Fernando Haddad informou que o MEC anuncia até o fim do mês o nome de todas as universidades que adotarão o Enem como critério de ingresso. Segundo nota publicada no site do MEC, as instituições que utilizarem o exame como fase única de seleção deverão se manifestar até o dia 20 de maio, data estabelecida pelo Comitê de Governança. Vencido o prazo, será realizada uma reunião entre os reitores dessas universidades e o Comitê para o aperfeiçoamento das regras do Sistema de Seleção Unificada.

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Jovens de espaços populares no Brasil...

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Municípios de SP implantam toque de recolher para menores de 18 anos

Começou a valer nesta segunda-feira (20) o toque de recolher para menores de 18 em dois municípios do interior de São Paulo, Itapura e Ilha Solteira

 

A partir de agora, sem a companhia dos pais, crianças e adolescentes de até 14 anos só poderão ficar nas ruas e em locais públicos até as 20h30. Os jovens entre 14 e 16 anos terão que se recolher até as 22 horas e os que tiverem entre 16 e 18 terão que voltar para casa até as 23 horas.

A medida foi adotada pelo juiz da Vara da Infância e Juventude de Ilha Solteira, Fernando Antônio de Lima, para garantir a integridade física e moral dos menores. Quem descumprir o toque de recolher pode ser encaminhado ao Conselho Tutelar.
 

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Juventude e poder local: Um balanço de iniciativas públicas voltadas para jovens de municípios 

A juventude nos caminhos da ação pública

Jovens participam do Fórum Social Mundial em Belém

Hoje, dia 27 de janeiro, tem inicio a nona edição do Fórum Social Mundial em Belém do Pará, na Amazônia. Serão cinco dias dedicados ao contato com articulações políticas e sociais, reflexão, debates e troca de experiências entre jovens de diferentes partes do mundo. No centro dos debates estará a crise econômica mundial. Aprofundar as discussões no aspecto que atinge diretamente a sociedade civil será um dos principais eixos do encontro

De acordo com a organização do Fórum a expectativa é que mais de 120 mil pessoas de 150 países compareçam as mais de 2,6 mil atividades que serão oferecidas. A presença dos jovens nas outras edições do FSM foi significativa e neste ano também não será diferente. Em 2005, pesquisa realizada pela organização do Fórum e IBASE apontou que os jovens eram 25% do público participante.

 As oficinas, assembléias, seminários e atividades culturais serão concentrados na Universidade Federal do Pará (UFPA) e Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA), mas os participantes não se limitarão ao espaço acadêmico. As ruas da cidade de Belém também farão parte do roteiro dos manifestantes, que protestarão não só a crise financeira internacional, mas também a crise ambiental e de segurança alimentar que motivaram, inclusive, a escolha da Amazônia como sede do Fórum.

 Sob o convite da organização do Fórum, líderes políticos da América Latina como o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Evo Morales (Bolívia), Hugo Chaves (Venezuela), Rafael Correa (Equador) e Fernando Lugo (Paraguai) já confirmaram a ida no FSM. A presença dos chefes de Estado no FSM divide opiniões entre aqueles que enxergam com bons olhos a participação de governos com posturas anti-neoliberais e os que defendem o espaço do FSM como exclusivo para a sociedade civil.

A expectativa é grande. Não só por parte da organização, mas também dos jovens que participarão do encontro. Para o estudante de Geografia da UFF (Universidade Federal Fluminense) Felipe Nascimento, 21, valerá a pena enfrentar uma viagem de três dias pelas rodovias brasileiras para completar os 3250 km que separam o Rio de Janeiro de Belém. “Nunca fui a nenhum Fórum. Eu espero que como este que será realizado na Amazônia, haja maior participação da América Central (Caribe), da Venezuela e Colômbia”, disse o estudante ao Observatório Jovem.

O capital x o social

O Fórum Social Mundial acontece paralelamente ao Fórum Econômico Mundial e é o total contraponto ao encontro sediado na Suíça, país que comporta a matriz de importantes bancos privados e é reconhecido por ser uma das economias mais ricas do mundo. Chefes de Estados e empresários reúnem-se para discutir o rumo dos negócios no planeta em Davos, sociólogos, líderes indígenas, ambientalistas, organizações juvenis, movimentos sociais e  jovens reúnem-se no FSM para debater maneiras de criar uma sociedade mais justa. 

 A juventude em movimento

Proximidade e articulação. O acampamento da juventude localizado na UFRA, é um dos espaços de destaque do Fórum. Cerca de cinco mil jovens já estão alojados e de acordo com a organização mais dez mil passaram pelo território até o final do evento. São estudantes, músicos, representantes de organizações sindicais e movimentos sociais de diferentes partes do planeta que veem no acampamento a oportunidade de intercâmbio cultural, trocas de informação e experiência.

O acampamento é realizado desde a primeira edição do Fórum Social Mundial, em 2001. Reconhecido por ser um espaço que permite aos jovens dar voz às suas contribuições para a construção de um mundo melhor, o acampamento prevê uma programação especial que vai desde oficinas, seminários e exposições até shows e outros eventos.

O FSM é utilizado por diversas entidades como ferramenta para organizar a sociedade civil e pressionar o Estado em diferentes esferas de poder. O Encontro das Lutas Juvenis, que ocorrerá no dia 29 de janeiro, às 13h, na UFRA, é um exemplo da tentativa de união dos jovens e do movimento social.
 
O Encontro das Lutas Juvenis será realizado por um grupo de quatorze entidades e redes de diferentes regiões do Brasil ligadas à temática dos jovens. O grupo  há dois anos debate e interfere na elaboração de uma agenda nacional de Políticas Públicas de Juventude.

Os integrantes dos movimentos juvenis ressaltam a importância do Fórum Social Mundial como um dos poucos espaços de resistência à globalização capitalista. A Organização Juvenil também destaca o Fórum como sendo um importante território para estimular os jovens a conviver com a diversidade e elaborar estratégias para enfrentar as desigualdades sociais e opressões.

As oficinas e palestras entram como peças-chave para incentivar a reflexão de como o Estado e o individuo poderiam atuar para minimizar os efeitos da desigualdade social. No caso da juventude, o trabalho com a troca de experiências é o que mais tem mostrado resultados em mobilizações sociais.

Com o intuito de aproximar os jovens a repensar os seus valores uma série de oficinas serão ministradas por organizações que tem o jovem como figura central. É o caso do Rejuma (Rede de Jovens Ambientalistas); do IBASE em conjunto com o Instituto Polis, Friedrich Ebert Stinfitung-FES e Ação Educativa que organizarão um seminário sobre os jovens e a construção do espaço público da América do Sul; o Fórum Nacional de Juventude Negra também organizará debates sobre a atuação dos jovens negros na sociedade; além disso, uma nova proposta que pretende contribuir para a construção de diálogos com jovens em situação de risco será apresentado na oficina Quadros organizada pelo Instituto Fontes.

 Centralidade

O FSM 2009 chega depois de um ano em que o encontro não teve um epicentro. No ano de 2008 atos públicos sob a coordenação de movimentos sociais e outros membros da sociedade civil de diversas partes do mundo aconteceram de forma simultânea em 82 países e marcaram o Dia  de Mobilização e Ação Global.

Saiba mais

 Veja aqui o cronograma de todas as atividades do Fórum

 

 

Observatórios da UFF e da UFMG e o Ensino Médio

Observatório Jovem/UFF e Observatório da Juventude/UFMG dão início a ações para ampliar conhecimentos e promover debates sobre juventude e Ensino Médio. O projeto “Diálogos com o Ensino Médio” está sendo realizado em parceria com a Secretaria de Educação Básica do MEC. Uma das iniciativas previstas é a construção de  um portal na internet com notícias e interação entre alunos, professores e pesquisadores do tema

 O portal do projeto Diálogos no Ensino Médio será lançado no mês de abril. A página é uma das ações do projeto Diálogos com o Ensino Médio, realizado pelo Observatório Jovem do Rio de Janeiro/UFF e o Observatório da Juventude da UFMG, em cooperação técnica com a Secretaria de Educação Básica do Ministério da Educação.

Além do portal, também fazem parte do projeto outras quatro ações. Uma delas é a construção de um diretório de publicações e dados sobre o Ensino Médio, que conterá produções acadêmicas textuais e audiovisuais. O diretório já está em planejamento com previsão para entrar na rede no mês de maio.

Outra ação é a organização da publicação impressa e eletrônica Estado do Conhecimento sobre juventude. Esta é a segunda vez em que a pesquisadora da USP, Marilia Spósito, coordena equipe que compilou e analisou conhecimento produzido sobre a Juventude no Brasil. O primeiro estado do conhecimento – Juventude e Escolarização (1984-1998) esteve voltado para teses e dissertações da área da Educação e foi publicado pelo INEP no ano 2000. A publicação está acessível em www.inep.gov.br.

A nova iniciativa consistiu em mapear produções acadêmicas sobre a juventude – dissertações de mestrado e teses de doutorado produzidas entre 1999 e 2006 nas áreas da Educação, Serviço Social e Ciências Sociais – e realizar análises na forma de artigos temáticos. O lançamento da publicação está previsto para o mês de julho. A equipe da pesquisa mapeou no banco de teses da CAPES mais de 1500 trabalhos que foram organizados por temas e estão sendo objeto de análise pelos pesquisadores de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro.
 
Juarez Dayrell e Paulo Carrano, coordenadores das ações, esclarecem que a iniciativa tem por objetivo fomentar o diálogo em âmbito nacional sobre a identidade do Ensino Médio e a necessária ampliação com qualidade da oferta de matrículas nessa fase escolar. Segundo eles, este é um debate que interessa a todos, governos e sociedade, jovens alunos, gestores, pais e professores, interessados na democratização da educação básica. A parceria com o Ministério da Educação terá como base a autonomia de produção crítica da universidade e, assim, garantem os pesquisadores, os usuários poderão encontrar no portal informações qualificadas e também contribuir com liberdade para o diálogo nacional em prol da expansão com qualidade do Ensino Médio no Brasil.
 
Pesquisa sobre o ensino médio começará pelo estado do Pará

 O Projeto Diálogos com o Ensino Médio prevê ainda a realização de uma pesquisa piloto sobre o Ensino Médio no país. O Estado do Pará foi escolhido para a 1ª etapa da Pesquisa. Os pesquisadores ouvirão estudantes e professores em três cidades do estado. Um encontro de pesquisadores sobre os temas de Ensino Médio e juventude também será realizado dentro das ações do projeto.

“O objetivo é elevar o nível de conhecimento sobre estudantes de Ensino Médio, suas condições de aprendizagem, expectativas e os relacionamentos entre professores e alunos. A intenção é também contribuir para o aprimoramento das práticas dos professores”, explica Paulo Carrano, coordenador do Observatório Jovem.

“Este conjunto de dados coletados a partir das ações deverá ser objeto de debate e aprofundamento nas instâncias públicas, contribuindo assim para a construção de um projeto político pedagógico consistente para o ensino médio brasileiro”, aposta Juarez Dayrell, coordenador do Observatório da Juventude da UFMG.

Portal terá fóruns para alunos e professores e divulgação de dados e reportagens sobre o Ensino Médio

 A idéia do portal é que haja interação entre os estudantes do ensino médio, os docentes e também pesquisadores. Para colocar isso em prática, a equipe de jornalismo do Diálogos no Ensino Médio produzirá reportagens e entrevistas sobre pesquisas que tenham como foco o Ensino Médio, de forma a tornar a linguagem acadêmica utilizada nas dissertações e teses mais compreensível para o leitor.

O portal possibilitará também que pesquisadores e professores estejam em contato direto com os alunos, por meio de espaços de conversação e reportagens sobre assuntos que estejam relacionados com os currículos e projetos escolares.

Os alunos serão convidados a opinar em um fórum permanente – “Como anda a sua escola?” e também outros espaços de discussão que serão criados a partir da própria opinião dos estudantes. Os docentes também terão espaços de diálogo, troca de experiências e a possibilidade de dar depoimentos sobre práticas inovadoras e que tenham gerado bons resultados.

A página hospedará ainda produções de texto, vídeo e fotos enviados pelos alunos. Entre outros espaços do portal, estarão disponibilizadas análises bimestrais da cobertura da mídia acerca de ensino médio e juventude, e dados de investigações sobre o assunto. Outras instituições de pesquisa, organizações e mídias especializadas sobre o tema serão convidadas a enviar conteúdos para o portal, sejam textos originais ou já publicados em suas páginas na internet. 

 “Por meio do portal os jovens poderão se interar sobre o que está acontecendo no Ensino Médio e ter contato com outros professores, além dos que já conhecem. Será um espaço de troca de experiências, que pode a princípio melhorar as relações entre esses sujeitos e a partir daí favorecer a busca pela melhoria do ensino médio como todo”, comenta Daniele Monteiro, coordenadora pedagógica do portal.

MAC inaugura módulo comunitário no Morro do Palácio

No sábado, dia 20, foi inaugurado o "Maquinho" no Morro do Palácio, em Niterói.  O Módulo de Ação Comunitária - Maquinho - é o resultado do projeto Comuniarte-Palácio, desenvolvido pelo Museu de Arte Contemporânea (MAC )em parceria com a Universidade Federal Fluminense (UFF), os jovens moradores do Morro do Palácio, o The Andy Wahrol Museum e outras instituições que deram apoio ao projeto

A iniciativa de construir uma versão menor do MAC no alto do morro partiu do conceito de "Arte Ação Ambiental" que busca romper barreiras sociais e aproximar a comunidade da arte, educação e cidadania. Luiz Guilherme Vergara que é  Professor do curso de Produção Cultural da UFF e Diretor do MAC é quem assina a coordenação geral do projeto. A sede arquitetada também por Oscar Niemayer, surge como reconhecimento do trabalho desenvolvido pelo museu na comunidade.

O espaço de troca entre jovens do Palácio e universitários foi o lema do projeto piloto Comuniarte, que serviu de plataforma para a inauguração do Maquinho em conjunto com projeto "Arte Ação Ambiental", desenvolvido no MAC desde o ano de 1999. O Comuniarte teve inicio em março de 2008 e contou com a participação direta do Observatório Jovem. A doutoranda da USP (Universidade de São Paulo) e pesquisadora do Observatório Ana Karina Brenner  foi a coordenadora pedagógica do projeto que reuniu 29 pessoas, entre  artistas, professores  e alunos de seis cursos da UFF e jovens do Morro do Palácio.

O coordenador do Observatório Jovem Paulo Carrano foi o orientador acadêmico de dois projetos: Chapadão (exposição fotográfica dos jovens do Palácio sobre a área de lazer do alto do morro) e Fundo de Saberes. O professor salientou  o diálogo entre a escola e a comunidade como foco do projeto Fundo de Saberes. “O principal objetivo do projeto Fundo dos Saberes é criar uma interface entre os saberes escolares e populares. Utilizar do conteúdo que o jovem da comunidade tem para potencializar o conhecimento escolar”, acentuou o professor Carrano.

O convívio com os jovens do Palácio resultou em outro projeto de pesquisa: Territórios juvenis na cidade de Niterói. O projeto que está em andamento no Observatório Jovem procura analisar redes sociais e percursos dos jovens do Morro Palácio na cidade. O produto final da pesquisa será um documentário e  artigo com  balanço geral do estudo que serão lançados em 2009.

Ao longo de nove meses de projeto piloto o Comuniarte desenvolveu oficinas para que os jovens da comunidade se tornassem capazes de retratar a própria realidade e estabeleceu uma ponte entre a Universidade e a comunidade com a participação dos estudantes da UFF. Os jovens tiveram dois meses de aula. Foram introduzidos a conceitos básicos nas áreas de Geografia, Letras, Pedagogia, Jornalismo, Produção Cultural, Artes e Medicina para que tivessem uma base antes de iniciarem as oficinas que contaram com a participação de universitários oriundos dessas seis áreas do saber e artistas. 

Nas oficinas ministradas por cinco artistas residentes dezoito jovens da comunidade aprenderam serigrafia (processo de impressão no qual a tinta é vazada  pela pressão de um rodo ou puxador),  expressão corporal através das aulas de corpo e dança, reciclagem de plásticos e giga pan (fotografias em tamanho gigante). Os jovens  puderam aprender com os universitários e professores técnicas de fotografia e audiovisual.

Ana Karina fez um balanço das ações do projeto ao longo do ano de 2008, a doutoranda foi pragmática e não deixou de pontuar as falhas do projeto. “Como todo projeto piloto a gente tem resultados positivos e negativos. Acho que o período de formação dos jovens foi curto. Faltou uma conexão maior com os artistas residentes, o número tinha que ser maior” disse Ana. Mas a coordenadora pedagógica salientou o que acredita ser o ponto alto do Comuniarte: “A relação entre jovens da comunidade popular e universitários foi o mais interessante. A possibilidade dos estudantes da UFF poderem conhecer por dentro a realidade dos moradores do Palácio e a existência, de um espaço (Maquinho) para que haja essa troca foi o ganho do projeto”, pontuou. Ana Karina ainda mencionou a importância do Maquinho para a articulação do conhecimento acadêmico com o artístico.

O resultado do Comuniarte poderá ser conferido na página da Internet do Arte Ação e  a partir de sábado (20) com a inauguração de uma dupla exposição de trabalhos desenvolvidos pelos jovens da comunidade durante as oficinas . Na área externa do MAC às 10h de sábado terá inicio a cerimônia de abertura com exibição de parte das exposições.  Às 11h uma caminhada do saguão do MAC até o alto do Morro do Palácio dará inicio a segunda parte do evento, que  terminará com a inauguração do Maquinho e do restante das exposições relacionadas com os projetos: Casos e Casas, Fotografia do Chapadão, Memória do Campo de Futebol, Fundo de Saberes de Jovens Estudantes, Memórias e Brincadeiras e Geografia Afetiva do Morro. 

Veja aqui o convite. 

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