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Faxinal do Céu acolhe calorosamente o IX ENEJA

Com a presença de 418 delegados, o evento propiciou muitas oportunidades de encontros e trocas entre os participantes, tanto nos espaços formais de trabalho, quanto em atividades culturais. Lá, o Fórum do Rio de Janeiro firmou sua candidatura para sediar o X ENEJA

Depois de realizar a primeira abertura do IX ENEJA no dia 18 de setembro no Teatro Guaíra (em Curitiba - Paraná), com a música da Orquestra Sinfônica do Paraná, que emocionou e antecedeu a mesa de autoridades presentes ao evento, o Fórum Paranaense de EJA acolheu os delegados no Centro de Capacitação de Faxinal do Céu, no município de Pinhão, a 350km de Curitiba, de 19 a 22 de setembro.

A representante da Unesco/Hamburgo, da OREALC no Chile, da Unesco Brasil, e representantes de Ministérios, de Secretarias em nível federal e estadual, o novo Secretário da SECAD André Lázaro e até o Governador do estado do PR, Roberto Requião fizeram-se presentes, anunciando a importância do evento no Paraná. Um vídeo Memória dos ENEJAs e Paulo Freire dez anos depois também marcou a abertura oficial.

Um bem organizado esquema logístico transportou em ônibus os delegados dos hotéis até Faxinal do Céu, em viagem longa, mas agradável pela beleza da vegetação típica e das terras cultivadas da região, principalmente com trigo.

Faxinal significa uma regularidade de vegetação que se expande, e nesse caso marcada pela presença de uma variedade de pinheiros e do mais famoso deles, a araucária. No campus do Centro de Capacitação, a topografia do lugar, o cuidado, as casas, auditórios, tenda, distribuídos nos amplos gramados e jardins ofereciam o cenário ideal para alguns dias de trabalho e muita reflexão, no aprofundamento do tema A atualidade do pensamento de Paulo Freire e as políticas públicas de EJA. O enredamento da EJA com a economia solidária possibilitou, mais uma vez, o trançar de redes, saberes, conhecimentos, mostrando como é possível gerar emprego e renda com lógica diferenciada daquela que predomina na sociedade capitalista, na Feira em rede de experiências, saberes e economia solidária. A bela pasta de lona colorida, com o logo bordado e a camiseta foram resultado do trabalho de cooperativistas, com métodos e técnicas de trabalho diferenciados. A tenda em que a Feira esteve montada também foi palco de inúmeras atividades,
animadas por grupos populares e pelos próprios delegados, também abrigando lançamento de livros, vídeos etc.

Com a presença de 418 delegados, o evento propiciou muitas oportunidades de encontros e trocas entre os participantes, tanto nos espaços formais de trabalho, quanto em atividades culturais, no cafezinho ou nas refeições. O esmero e a dinâmica da equipe local demonstravam a atenção com que o Fórum Paranaense cuidara dos mínimos detalhes, para que o IX ENEJA fosse mais um encontro nacional de sucesso. A cultura nacional e paranaense trançou fios com a latino-americana, tanto pela presença de artistas de países vizinhos que escolheram o Brasil para viver, quanto pela música que fazem, preservando sons, ritmos, instrumentos, que se incorporam à nossa própria cultura e à nossa gente, especialmente representada pelas místicas organizadas à semelhança do MST.

A conferência de abertura, proferida pela Profª. Maria Margarida Machado, do segmento universidade do Fórum Goiano partiu de dois conceitos freireanos para analisar o que o tema e os Fóruns sinalizavam: trabalho coletivo (incluindo o círculo de cultura) e educação como direito. Trazendo ao plenário esses conceitos, fez com eles um percurso pelos significados dos fóruns na luta por políticas públicas de EJA, marcando o dia 19 de setembro, data de aniversário de nascimento de Paulo Freire.

A mesa EJA e as políticas intersetoriais do governo federal iniciou os trabalhos da quinta-feira, com diversos representantes de Programas e órgãos federais apresentando as políticas construídas para a área de EJA.

Mais uma vez a discussão do financiamento foi necessária, especialmente com a entrada em vigor do FUNDEB, no que Andréia Gouveia (da UFPR) e Maria Clara Di Pierro (da USP) contribuíram. Inês Barbosa de Oliveira (da UERJ) e Analise de Jesus (Prefeitura Municipal BH), em mesa redonda sobre currículo e juventude trouxeram reflexões importantes sobre o tema, a primeira quanto à concepção dos currículos praticados e a segunda, quanto aos significados do estar na escola para os jovens, o que implica repensar o que tem sido entendido como currículo.

Reuniões de fóruns por regiões e por segmentos deram continuidade à discussão da idade mínima para ingresso na EJA, certificação e educação a distância, temas tratados nas audiências promovidas pelo CNE, ainda objetos de síntese pelo consultor Jamil Cury. Por não ter podido comparecer, Cury gravou um depoimento de cerca de 11’ sobre as questões, e com muita clareza e lucidez, mais uma vez, argumentou quanto ao que cada uma delas envolvia, sempre pautado pela perspectiva de garantia do direito à educação. As plenárias que se seguiram a essas reuniões trouxeram novos debates, tensionando as mesas coordenadoras e a direção que o ENEJA assumiria.

Na tarde de sexta-feira vinte rodas de prosa temáticas tiveram início depois que a falta de luz provocada pelo anúncio de um temporal que não chegou do tamanho imaginado fez com que a prosa se desenrolasse à luz de velas.

Na manhã do sábado, a plenária final recebeu, pela primeira vez nos ENEJAs, um relatório-síntese parcial, dedicando-se a analisar apenas propostas, recomendações e indicativos para deliberar, como de praxe nos eventos anteriores. Essas deliberações comporão o documento final que marca a direção política assumida pelos fóruns, como compromisso com a luta pelas políticas públicas de direito à educação no país. Em seguida a esta etapa, a nova comissão de relatoria, saudada por todos por representar mais um grupo que experimenta a vivência de formular o relatório-síntese dos ENEJAs, concluirá a formulação e disponibilizará o documento no sítio www.forumeja.org.br, devendo receber contribuições dos delegados até o dia 22 de outubro, quando então será novamente sistematizado pela relatoria e finalmente fechado.

Em novembro, durante a reunião de representantes de fóruns EJA no MEC, estes farão a entrega formal do documento à SECAD e ao Ministro, antes que seja publicizado para todas as demais instâncias de poder e pessoas interessadas. Também nessa ocasião os representantes discutirão o nome de novo representante dos fóruns que assumirá assento na CNAEJA, substituindo a atual representante, Edna Castro de Oliveira, do Fórum do ES, que encerra seu mandato.

Como todas as vezes, a candidatura para sediar o X ENEJA foi um momento de alegria, depois da disputa inicial, nos dias anteriores, quando a delegação do Pará, acolhendo defesa de um delegado do DF lançou sua candidatura. Depois de diálogos entre equipes e delegados quanto à construção prévia que deveria preceder o lançamento de um estado para acolher o ENEJA, e no interior da própria delegação paraense, o Fórum PA retirou sua candidatura, entendendo ser necessário um tempo maior para consolidar o próprio Fórum e, só então, acolher o ENEJA, dispondo-se a fazê-lo em 2010.

O Fórum do Rio de Janeiro, que há dois anos anunciava sua disposição de fechar o ciclo de dez anos de ENEJAs, iniciado no próprio estado, e fazendo coincidir o evento com o conjunto da programação preparatória à VI CONFINTEA, firmou sua candidatura, acolhendo simbolicamente os participantes pela imagem da nova maravilha do mundo, o Cristo Redentor, de braços abertos. A aposta no Rio de Janeiro é grande, e a disposição muito forte dos delegados, para marcar no estado a década de luta nacional da sociedade organizada em fóruns pelo direito de todos os jovens e adultos à educação de qualidade.

Um encerramento festivo com música e alegria, com todos os delegados presentes pôde acontecer antes do almoço do sábado e da partida de volta a Curitiba, possibilitado pelo local em que se concentraram durante aqueles dias. O nó de pinho ofertado aos representantes de fóruns, utilizado na região pelos habitantes, pela dureza da madeira e a energia que dela emana, o que faz a queima prolongada, aquecendo os dias muito frios, e a madeira de pino ofertada a todos os delegados traduzia a metáfora que os fóruns significavam: resistentes, de grande firmeza e energia.

Para saber mais, o sítio dos fóruns de EJA e o www.reveja.com.br, da Revista de EJA trazem uma boa cobertura do evento, incluindo fotografias.