O desinteresse é o principal motivo do afastamento de jovens de 15 a 17 anos das salas de aula, de acordo com a pesquisa sobre evasão escolar divulgada ontem pela Fundação Getúlio Vargas. O estudo mostra que 40,3% dos alunos nessa faixa etária que abandonaram a escola o fizeram por falta de interesse , 27,1% por razões de trabalho ou renda, 10,9% por falta de oferta e 21,73% por motivos diversos
Para o coordenador da pesquisa Marcelo Néri, o resultado mostra que manter o jovem na escola não é apenas uma questão econômica: -É preciso criar e atender a demanda por educação.Garantir a atratividade da escola.
A base do estudo é a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2006 e a série de 2008 da Pesquisa Mensal de Emprego (PME) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Pais e alunos responderam a um questionário. Os dados revelam que em 2006, 2,7% de jovens e crianças entre 10 e 14 anos estavam fora da escola, percentual que sobe para 17,8% na faixa de 15 a 17 anos.
Os dados mostram que a taxa de evasão escolar é maior nas regiões mais ricas: São Paulo, com 19,43%, e Porto Alegre com 18,70%, têm os maiores índices de abandono de um ano para o outro, na faixa etária de 15 a 17 anos. Na Região metropolitana do Rio, a taxa foi de 10,69% .
Para Neri, a região mais rica possui maior oferta de trabalho e no caso de necessidade, como o pai perder o emprego, é mais provável que o aluno dessa área deixe a escola para procurar trabalho.
O pesquisador ainda ressalta a necessidade de aprofundar os estudos sobre as razões da falta de interesse dos jovens em ficar na escola: - Como combater a evasão? Devemos mudar o conteúdo, fortalecer o ensino técnico, a inclusão digital?
O estudo destaca o que foi chamado pelos pesquisadores de “O paradoxo da Educação”. Segundo Néri, mesmo com problemas, a escola dá retorno ao aluno, então é difícil explicar porque ele está fora da sala de aula. Uma das teses é a de que os maiores ganhos da educação sobre a renda ocorre na meia idade, “portanto, longe do horizonte de planejamento do jovem.”
O maior percentual de falta de interesse como justificativa para o abandono na escola foi em Tocantins: 59%. Em Sergipe 42% e em Santa Catarina 38% houve o maior número de respostas indicando demanda por trabalho e renda como o motivo da evasão. Das jovens que indicaram outros motivos, 46% falaram em gravidez.
A pesquisa foi patrocinada pelo movimento Todos pela Educação, Fundação Educar DPaschoal, Instituto Unibanco e Fundação Getúlio Vargas.
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